domingo, 19 de fevereiro de 2012

O fantástico mundo de Bobby, gospel!


SÉRIE NEOPENTECOSTALISMO CARTOON: O FANTÁSTICO MUNDO DE BOBBY

Por João Rodrigo Weronka
Cá estamos novamente para falar sobre síndromes presentes do modo mais enfático no movimento Neopentecostal. Tenho plena convicção que o leitor já se deparou com muitos que infelizmente se encontram em estado de letargia espiritual, provocada por uma falsa identidade de crente ingênuo e “puro”, fruto deste tempo de cristianismo raso e imaturo.
A bola da vez é um cartoon que mostra como a visão de mundo de criança como qualquer outra. Esta visão é algo inerente a fase cronológica de cada criança, ou seja, cada coisa em seu tempo. Você já se imaginou fazendo aos 30 anos coisas que fazia aos 6 anos? O tempo passa e o crescimento biológico acontece.
Falando do ambiente cristão, por que será que o tempo passa e espiritualmente poucos avançam? Por que o tempo passa e muitos ainda permanecem na imaturidade espiritual e intelectual?
O Fantástico Mundo de Bobby
Esta série estadunidense de desenhos animados foi criada por Howie Mandel e dirigida por Tom Tataranowicz. A série foi exibida no Brasil em seu auge na década de 90.
O desenho fala do cotidiano de um garotinho chamado Bobby e sua família. Bobby vivia pilotando seu triciclo e nas idas e vindas estava a descobrir o mundo. Sua fértil imaginação fazia com que visse coisas onde elas não existiam, ou seja, a mentalidade de qualquer criança.
Quem não se lembra deste menino com sua característica “cabeçona”, seu tio Ted (com as mais extravagantes e coloridas camisas) e o cachorro Roger?
Os episódios não eram cheios de chavões ou clichês, apenas relatavam de modo geral o que é o dia-a-dia de uma simples criança, vivendo no lúdico e com o convívio de sua família.
Pois bem, e onde entra a correlação com a mentalidade Neopentecostal?
Antes que o leitor me atire pedras, ressalto: esta reflexão é para levar o crente velho (sim, aquele que está há anos na igreja e parece uma pedra de sal no espírito e no intelecto) a se mexer e mudar de posição. Serve também para mostrar e alertar ao novo na fé, ao recém-convertido, que o cristianismo é mais que esse cardápio bizarro servido por aí.
Quero ser como criança…
Mais uma vez eu recorro a minha pimpolha como exemplo. É encantador o mundo lúdico das crianças. Minha filha é capaz de imaginar coisas que não existem e criar um mundo maravilhoso onde eu participo de modo ativo. Como é gostoso vê-la crescendo e aprendendo e como é interessante o modo como o coração puro e isento de malícia das crianças se comporta.
O tempo vai passando, e ela começa a mostrar em suas atitudes que está crescendo: desenvolvimento físico e intelectual. Como todo pai, sou obrigado a dizer: “Puxa! O tempo está passando rápido!”. Quando a vejo brincando com suas bonecas me envolvo como um brucutu numa brincadeira estranha, mas ser pai é participar!
Seria estranho se o leitor se deparasse comigo brincando sozinho com uma boneca ou um carrinho…
Mas por que será que os crentes envelhecem e permanecem na infantilidade espiritual?
Infelizmente existe uma terrível confusão de entendimento neste aspecto. A Bíblia deixa muito claro a devida separação entre o “ser como criança”.
a) Quanto à malícia: As Escrituras mostram que após termos a ciência sobre o pecado, precisamos confessá-lo e abandoná-lo. Neste sentido diz as Escrituras sobre o ser como crianças:
“Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” (Mc 10.15)
“Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” (1 Co 14.20)
Em suma, nosso coração deve ser como de uma criança no que tange o pecado e a respeito da confiança em Deus como Pai. Precisamos limpar a casa e ser como crianças neste sentido, nos lançando nos ombros da graça em Cristo, confiando de modo irrevogável no Deus poderoso. Neste sentido, quero ter o coração puro de uma criança e estar no Reino de Deus.
b) Quanto ao conhecimento: Aí mora o perigo. Com base no texto citado onde Jesus fala para sermos como crianças, alguns crentes ainda teimam em não crescer no entendimento, conforme citado em 1Co 14.20. Neste aspecto, o Neopentecostalismo tem feito uma geração de “Bobbys”, que vagam daqui pra lá sobre seu triciclo, imaginando coisas de criança.
Uma geração de crentes mimados é sacudida de um lado para o outro, vivendo num mundo gospel lúdico que teimam em não sair. E vale a ressalva imediata: a existência desta geração “O Fantástico Mundo de Bobby” está em proeminência no Neopentecostalismo, mas infelizmente não se restringe a este segmento.
É impressionante como temos atitudes infantis por aí a fora.
Já vi crente abandonar sua congregação pelos motivos mais estapafúrdios possíveis! Uns por que o pastor não o viu no meio de duzentas pessoas; outro por que o irmão ora alto na fileira de trás; outro por que o tapete foi trocado; outro por que o banco era duro, etc.
Fora a tragédia dos que são membros, observamos imaturidade severa em líderes de ministério. Uns chegam a abandonar seu ministério em função de restrições mínimas, como por exemplo, o uso demasiado de “roupas gospel” do cantor preferido, ou mesmo por que lhe foi solicitado que não cantassem tantas músicas de um mesmo “ministério” (de 6 do repertório, se cantavam 5 de um mesmo ministério).
É hora de crescer, abandonar o triciclo, as barras da camisa do tio Ted e virar crente maduro.
No meu coração, quero ser puro. No meu entendimento quero crescer dia após dia. Meu anseio mais sincero é que o leitor queira isso em seu coração. Vamos sair da sonolência?
“Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” (Ef 4.13-14)
“Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém. “ (2 Pe 3.18)
***
João Rodrigo Weronka é editor do NAPEC e colunista no Púlpito Cristão
Que o SENHOR tenha misericórdia de nós! AMÉM!

Um comentário:

FRANCISCO ARAUJO disse...

Bom post Márcio. Mas como não ser bobby? Sê tratam crentes com idiotas pregando sermões que são meras reproduções dessa ração gospel.Quando se levanta um falando em sã doutrina acham bonito,diferente; outros até acham que é heresia por desconhecer a palavra (Bíblia).Preferem a tradição oral penteca a erudição e espiritualidade.Vivem o mesmo erro da comunidade de Coríntios achando que dons são mais importantes do que amor e vida cristã.Parabéns!!!!

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